• Efeitos da poluição do ar no infarto do miocárdio Original Articles

    Cendon, Sônia; Pereira, Luiz A A; Braga, Alfésio L F; Conceição, Gleice M S; Cury Junior, Abraão; Romaldini, Hélio; Lopes, Antônio C; Saldiva, Paulo H N

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: O infarto do miocárdio é uma doença cardiovascular grave que tem como indicação a internação em unidades de terapia intensiva, com poucos indicados para admissão em enfermarias. O objetivo do estudo foi investigar se as estimativas dos efeitos da poluição atmosférica nas internações por infarto do miocárdio são modificadas de acordo com a fonte de informações de saúde. MÉTODOS: Em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), na cidade de São Paulo, foi realizado estudo de séries temporais (1998-1999) tendo como desfechos as internações por infarto em unidades de terapia intensiva e em enfermarias, em pessoas acima de 64 anos. Foram utilizados modelos lineares generalizados, controlados para sazonalidade (de longa e curta duração) e variáveis climáticas. Foram construídos modelos distribuídos de defasagem polinomial de terceiro grau, para avaliar os efeitos acumulados nos oito dias anteriores à exposição. RESULTADOS: Aproximadamente 70% das internações por infarto no miocárdio ocorreram em enfermarias. Apesar disso, os efeitos da poluição sobre os casos foram maiores nas internações em unidades de terapia intensiva. Todos os poluentes mostraram uma associação positiva com os desfechos, mas o SO2 apresentou uma associação mais robusta e estatisticamente significante. O aumento do intervalo interquartil para as concentrações observadas do SO2 foi associado ao aumento em 13% (IC 95%: 6-19) e 8% (IC 95%: 2-13) nas internações em unidade de terapia intensiva e enfermarias, respectivamente. CONCLUSÕES: Pode-se supor que exista um erro de classificação das internações por infarto nas enfermarias, superestimando o número de internações. No entanto, o menor número de internações por infarto do miocárdio em unidades de terapia intensiva, é o indicador mais adequado para estimar os efeitos da poluição atmosférica nas internações por infarto.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: Myocardial infarction is an acute and severe cardiovascular disease that generally leads to patient admissions to intensive care units and few cases are initially admitted to infirmaries. The objective of the study was to assess whether estimates of air pollution effects on myocardial infarction morbidity are modified by the source of health information. METHODS: The study was carried out in hospitals of the Brazilian Health System in the city of São Paulo, Southern Brazil. A time series study (1998-1999) was performed using two outcomes: infarction admissions to infirmaries and to intensive care units, both for people older than 64 years of age. Generalized linear models controlling for seasonality (long and short-term trends) and weather were used. The eight-day cumulative effects of air pollutants were assessed using third degree polynomial distributed lag models. RESULTS: Almost 70% of daily hospital admissions due to myocardial infarction were to infirmaries. Despite that, the effects of air pollutants on infarction were higher for intensive care units admissions. All pollutants were positively associated with the study outcomes but SO2 presented the strongest statistically significant association. An interquartile range increase on SO2 concentration was associated with increases of 13% (95% CI: 6-19) and 8% (95% CI: 2-13) of intensive care units and infirmary infarction admissions, respectively. CONCLUSIONS: It may be assumed there is a misclassification of myocardial infarction admissions to infirmaries leading to overestimation. Also, despite the absolute number of events, admissions to intensive care units data provides a more adequate estimate of the magnitude of air pollution effects on infarction admissions.
  • Acurácia da definição de caso suspeito de rubéola: implicações para vigilância Original Articles

    Oliveira, Solange Artimos de; Camacho, Luiz Antonio Bastos; Pereira, Antonio Carlos de Medeiros; Bulhões, Marília Mattos; Aguas, Angélica Fortes; Siqueira, Marilda Mendonça

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Avaliar a acurácia da definição de caso suspeito de rubéola entre pacientes com doenças exantemáticas atendidos em unidades de saúde pública. MÉTODOS: A população de estudo foi constituída de pacientes com doença exantemática, com ou sem febre, atendidos em serviços de saúde pública, de janeiro de 1994 a dezembro de 2002 no município de Niterói, RJ. Dados clínicos e sorológicos foram utilizados para estimar os valores preditivos positivos da definição de caso suspeito de rubéola do Ministério da Saúde do Brasil e outras combinações de sinais e sintomas, considerando o resultado da sorologia como referência. A detecção de IgM específica para rubéola em amostras sangüíneas foi realizada por ensaio imunoenzimático. Foram calculados os valores preditivos positivos e respectivos intervalos de confiança de 95%. RESULTADOS: Foram estudados 1.186 pacientes com uma doença caracterizada por uma variada combinação de rash com ou sem febre, artropatia e linfoadenopatia. Pacientes com exantema, independentemente da presença de outros sinais e sintomas, apresentaram uma probabilidade de 8,8% de serem IgM positivos para rubéola. A definição de caso suspeito de rubéola utilizada no Brasil apresentou baixo valor preditivo positivo (13,5%). Esta definição de caso identificou corretamente 42,3% dos casos IgM positivos, e classificou de forma incorreta 26,1% dos IgM negativos. CONCLUSÕES: Os resultados indicam que as doenças exantemáticas devem ser investigadas em conjunto para fins de vigilância epidemiológica e coleta de espécimens clínicos para o diagnóstico laboratorial. Esta estratégia aumenta os custos, mas gera benefícios na interrupção da circulação do vírus e na prevenção da síndrome da rubéola congênita.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: To assess the performance of the rubella suspect case definition among patients with rash diseases seen at primary care units. METHODS: From January 1994 to December 2002, patients with acute rash, with or without fever, were seen at two large primary health care units and at a public general hospital in the municipality of Niterói, metropolitan area of Rio de Janeiro, Brazil. Data from clinical and serologic assessment were used to estimate the positive predictive values of the definition of rubella suspect case from the Brazilian Ministry of Health and other combination of signs/symptoms taking serologic status as the reference. Serum samples were tested for anti-rubella virus IgM using commercially available enzyme immunoassays. Positive predictive values and respective 95% confidence intervals were calculated. RESULTS: A total of 1,186 patients with an illness characterized by variable combinations of rash with fever, arthropathy and lymphadenopathy were studied. Patients with rash, regardless of other signs and symptoms, had 8.8% likelihood of being IgM-positive for rubella. The Brazilian suspect case definition (fever and lymphadenopathy in addition to rash) had low predictive value (13.5%). This case definition would correctly identify 42.3% of the IgM-positive cases, and misclassify 26.1% of the IgM-negative cases. CONCLUSIONS: These results support the recommendation to investigate and collect clinical specimens for laboratory diagnosis of all cases of rash, for surveillance purposes. Although this strategy may increase costs, the benefits of interrupting the circulation of rubella virus and preventing the occurrence of congenital rubella syndrome should pay off.
  • Obesidade e ganho de peso gestacional: cesariana e complicações de parto Original Articles

    Seligman, Luiz Carlos; Duncan, Bruce Bartholow; Branchtein, Leandro; Gaio, Dea Suzana Miranda; Mengue, Sotero Serrate; Schmidt, Maria Inês

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Avaliar a associação de obesidade pré-gestacional e ganho de peso excessivo com cesariana e outras complicações do parto. MÉTODOS: Um total de 4.486 mulheres com 20-28 semanas de gravidez do pré-natal geral do Sistema Único de Saúde de seis capitais brasileiras foram arroladas entre 1991-1995 e seguidas até o parto. As categorias do índice de massa corporal e o ganho de peso total foram calculados com base no peso pré-gestacional. Associações entre estas categorias nutricionais e complicações do parto foram ajustadas por regressão logística. RESULTADOS: A obesidade foi observada em 308 (6,9%) pacientes. As cesarianas ocorreram em 164 (53,2%) obesas, 407 (43,1%) pré-obesas, 1.045 (35,1%) normais e em 64 (24,5%) mulheres de baixo peso. O risco relativo para cesariana na comparação de obesas com grávidas de peso normal foi 1,8 (IC 95%: 1.5-2.0). Ganho de peso excessivo mostrou a maior associação com cesariana entre obesas (RR=2,2; IC 95%: 1,4-3,2) para 4º vs 2º quartil. Maior peso pré-gravídico esteve associado com risco ajustado significativamente aumentado para mecônio no parto vaginal e com prematuridade, morte perinatal ou infecção na cesariana. Similarmente, grande ganho de peso aumentou o risco para mecônio e hemorragia materna no parto vaginal e com prematuridade na cesariana. CONCLUSÕES: A obesidade pré-gestacional e o ganho de peso excessivo aumentaram de forma independente o risco de cesariana e vários resultados adversos durante o parto vaginal. Esses achados oferecem evidências adicionais aos efeitos negativos da obesidade pré-gravídica e do ganho de peso excessivo na gravidez e parto.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: To assess the association between pre-gestational obesity and weight gain with cesarean delivery and labor complications. METHODS: A total of 4,486 women 20-28 weeks pregnant attending general prenatal care clinics of the national health system in Brazil from 1991 to 1995 were enrolled and followed up through birth. Body mass index categories based on prepregnancy weight and total weight gain were calculated. Associations between body mass index categories and labor complications were adjusted through logistic regression analysis. RESULTS: Obesity was present in 308 (6.9%) patients. Cesarean delivery was performed in 164 (53.2%) obese, 407 (43.1%) pre-obese, 1,045 (35.1%) normal weight and 64 (24.5%) underweight women. The relative risk for cesarean delivery in obese women was 1.8 (95% CI: 1.5-2.0) compared to normal weight women. Greater weight gain was particularly associated with cesarean among the obese (RR 4th vs 2nd weight gain quartile 2.2; 95% CI: 1.4-3.2). Increased weight at the beginning of pregnancy was associated with a significantly higher adjusted risk of meconium with vaginal delivery and perinatal death and infection in women submitted to cesarean section. Similarly, greater weight gain during pregnancy increased the risk for meconium and hemorrhage in women submitted to vaginal delivery and for prematurity with cesarean. CONCLUSIONS: Pre-gestational obesity and greater weight gain independently increase the risk of cesarean delivery, as well as of several adverse outcomes with vaginal delivery. These findings provide further evidence of the negative effects of prepregnancy obesity and greater gestational weight gain on pregnancy outcomes.
  • Insatisfação corporal em escolares no Brasil: prevalência e fatores associados Original Articles

    Pinheiro, Andréa Poyastro; Giugliani, Elsa Regina Justo

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Examinar a prevalência de insatisfação corporal e fatores associados em escolares entre oito e 11 anos. MÉTODOS: Estudo transversal realizado com escolares entre oito e 11 anos da rede pública e privada de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, entre agosto e dezembro de 2001. Um total de 901 crianças, selecionadas por conglomerados, responderam verbalmente a questionário sobre insatisfação corporal e a auto-estima, pressão familiar e social relacionadas à mudança de peso. Altura e peso foram aferidos. A associação entre insatisfação corporal e as variaveis estudadas foi medida por meio de regressão logistica. RESULTADOS: A prevalência de insatisfação corporal foi 82%. Entre as meninas, 55% delas desejavam ter um corpo mais magro e 28% desejavam um corpo maior; as estimativas para os meninos foram de 43% e 38%, respectivamente. A análise multivariada revelou que auto-estima mais baixa (OR=1,80; IC 95%: 1,13-2,89) e percepção da expectativa dos pais (OR=6,10; IC 95%: 2,95-12,60) e dos amigos (OR=1,81; IC 95%: 1,02-3,20) para ser mais magra por parte da criança foram as variáveis significativamente associadas à insatisfação com o corpo. CONCLUSÕES: Insatisfação corporal foi altamente prevalente nos escolares avaliados, especialmente naqueles com auto-estima mais baixa e que pensavam que seus pais e amigos esperavam que eles fossem mais magros.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: To examine the prevalence of body dissatisfaction and associated factors in 8- to 11-year-old schoolchildren. METHODS: A cross-sectional study including children aged 8- to 11-years enrolled in public and private schools in Porto Alegre, Southern Brazil, was carried out from August to December, 2001. A total of 901 subjects were selected through cluster sampling. Participants answered a questionnaire aimed at measuring body dissatisfaction and self-esteem and questions about family and social pressures on weight change. Height and weight were measured. The relationship between body dissatisfaction and the variables studied was measured by logistic regression. RESULTS: The prevalence of body dissatisfaction was 82%. Fifty-five percent of the girls wanted a thinner body size, and 28% desired a larger one; the estimates for the boys were 43% and 38%, respectively. Children with the lowest self-esteem (OR=1.80; 95% CI: 1.13-2.89) and who thought their parents (OR=6.10; 95% CI: 2.95-12.60) and friends (OR=1.81; 95% CI: 1.02-3.20) expected them to be thinner showed a higher chance of presenting body dissatisfaction. CONCLUSIONS: Body dissatisfaction was highly prevalent among the evaluated schoolchildren, especially in those with lower self-esteem and who thought their parents and friends expected them to be thinner.
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revsp@org.usp.br